quinta-feira, maio 31, 2007

Inscrições de lábios











Com o tacto da língua
numa conversa muda
reinvento colinas
na planície da pele

No espaço dos sentidos
sons que os lábios mordiscam
crismados nos crepúsculos
na luz de várias luas

No cântaro do tempo
meus dedos bebendo
magnólias que se abrem por dentro

segunda-feira, maio 21, 2007

(In)quietudes














Detenho-me
no prazer de percorrer as galerias de meus ecos
onde os sons pensam e os pensamentos dançam
num fluxo em que até o silêncio seduz ardente.
Decifro
dedos macios que dedilham a cupidez das rosas
uma música onde os oceanos se repartem
tocando os lábios na escuridão
Diluo-me
em bocas que se pintam à luz do sol
e que serenamente mordem e beijam
a metade pronunciável da quietude




segunda-feira, maio 14, 2007

Périplo














Deito-me no tálamo da alma
sob o dossel dos pássaros
e deixo correr a pressa das águas

Na íris da pele
um sino de tranças

dobra, timbre de ave,
em transfixos flandres

Miragem que firo com mil línguas
e cada uma delas é um pássaro
a bebê-la

domingo, maio 06, 2007

Imo


















Pinto uma fusa ainda confusa
Procuro a sintonia
Uma semifusa
De serenidade profusa
Desenho uma colcheia
De cor cheia
Ser mínima!
Uma mínima
Presença
Breve
Densa
Uma fala
Semibreve
Uma brisa leve
Uma chuva que humedece
Sustenidos e bemóis
Em boca rubra
Um tom maior
Em língua púrpura

Prelúdio solene
No pentagrama da alma
O peito é frágua
De dilúvios de fogo
Incêndios de água