domingo, março 23, 2008

Colirium


















Coloca uma palavra
No vale da minha nudez
E planta vinhas de sol de ambos os lados
Para que quando a brasa for alfombra
Minha boca fique toda à sombra
E se torne carícia o fogo do astro

domingo, março 09, 2008

Ardentias



















Escrever no timbre da concha
Onde os dedos não se cansam
Desenhar-me com sede
Língua de fogo, península acesa
Onde as velas pedem ventos
E as palavras bordejam
As praias rochosas das ilhas

Querer ir além da pele
Derramar-me liquida sobre o mar
Ser onda indefinidamente
Desaguada, sem medir margens

O sol ruiva e o vento uiva
Há cópulas de ondas molhadas
Onde a nudez se precipita
A luz mordendo o ventre das águas