segunda-feira, junho 28, 2010

Arrebol













Ventos supernos nos ombros do tempo
Um salmo prelúdio se agita
Escuto o murmúrio virente do desfolhar das grinaldas
Tranço folhas na boca da fonte
Santelmo aceso em maviosos flancos
Queimam-se incensos no clarão dos círios
Nas ciliciadas carnes, rútilo sacrário
pomos sazonados de carmim vivo emergem
A flor o cálice inclina
Turíbulo de prata que a sede abrasa
Profundo anelo no esflorecer das vinhas, volatas
Luxúria aveludada num torpor de coma
Uma flor ceifada em vasos de água

domingo, junho 13, 2010

Arpeggio















Oram os arcanos que habitam a paisagem de dentro.
Mais que um cio de estação
um afrodisíaco desejo de tactear a flora que me aflora,
senti-la soluçar em fervida espadana.
Carnívora bromélia de luxúria da boca que silencia
a polpa da púrpura do sangue que me incendeia.
A quimica das línguas.
Entre lábios o gosto das frutas maduras perfumando a íris do hálito.
Deixar que as asas de ave que me ofertam as pontas dos dedos
me adentrem a nudez imperiosa e quente
e a pelúcia das mãos tinjam de vermelho
o delubro do corpo que se faz vinho madurado.
Tocam-se as margens da verbe que vibra em suaves arpejos.
Alçada vertigem que insurge latejante .
Húmida feito húmus deixo que pernoite em meu lençol de prata
e fecunde os corpos abertos em árvore
enigmas que almejam ser decifrados