quarta-feira, novembro 08, 2006

Outonal
















Como um zéfiro na madrugada
Que passa lento na hora transviada
Dríade diáfana no adejar de asas
A céu aberto expõe meu lado de dentro

Junto às aras do clarão dos círios
E como que ouvindo a música dolente
Destece a chuva e seus cabelos de frio
E colhe o lírio da inocência perdida

Bocas de rio afagam o gozo da terra em cio
Prendem-me em tranças a meia lua
Enrolam-me em neblinas semi nua

Diluo meu corpo em meio do murtal virente
Gotas de orvalho sob o mistral da finitude
Pousam no sideral da incomplenitude


22 Comments:

Blogger Pierrot said...

Vejo que gostas mesmo de morar entre o prazer das tuas palavras...

Este poema, tanto como o sentimento que espelha, é dotado de uma linguagem, muito trabalhada, muito acima da média, que o afasta da mediania dos poemas do genero.

Acima de tudo é um Hino ao Português minha cara amiga.

Uma espécie de amor eivado de cio.
Tremendo no sentimento e mostrando uma ponta de sensualidade.

Bjos daqui
Eugénio

08 novembro, 2006 12:52  
Blogger Angela said...

Sabes escolher as palavras. Sabes domá-las!

Constróis poemas de uma rara beleza.

Adorei!

Beijo grande.

08 novembro, 2006 14:27  
Blogger Fragmentos Betty Martins said...

É um prazer delicioso - ficar perdida sob as mágicas palavras na [IN]finitude do{s} sentir[es]

Beijinhos com carinho

08 novembro, 2006 15:35  
Blogger Luis Duverge said...

De onde saiu este poema do corpo ou da alma? É trabalho do pensamento ou resultado do sentimento ?
Beijo ...volto já.

08 novembro, 2006 16:53  
Blogger Light said...

Sempre que leio,imagino algo diferente,é assim que as tuas palavras me deixam,ntre imagens...

08 novembro, 2006 18:09  
Blogger Nilson Barcelli said...

Escreves bem, muito bem.
O teu estado de espírito a escrever deve ser idêntico ao meu.
Só que eu não te chego aos calcanhares.
Um beijo.

08 novembro, 2006 23:06  
Blogger O pensador said...

lindo poema gostei muito...vou voltar mais vezes:)
bjo pensador

09 novembro, 2006 00:45  
Blogger Unknown said...

"O céu aberto expõe meu lado de dentro..."!
Uma imagem plena de abertura!
Beijo.

09 novembro, 2006 10:50  
Blogger Daniel Aladiah said...

O gozo trespassa-te nas palavras... ouço o declamar rítmico e entoado com a força do riso e a amargura no semblante.
Um beijo
Daniel

09 novembro, 2006 16:18  
Blogger A. Pinto Correia said...

fabulas as tuas letras. pare-me que passamos por um processo idêntio no acto de criar basicamente porque as palavras também se amam.
Beijo

09 novembro, 2006 19:36  
Blogger Joaquim Amândio Santos said...

linguagem epícura a que tece os contornos deste gozo nada estóico!

pelo sabor da seda cumpro o desiderato da felicidade.

09 novembro, 2006 21:33  
Blogger Misantrofiado said...

"Dríade diáfana no adejar de asas"... hum... ou "Bocas de rio afagam o gozo da terra em cio"... são chamas de anil a tocarem-me o céu da boca.
Hum...

09 novembro, 2006 22:31  
Blogger TG said...

Posso apenas dizer que foi um gozo, um prazer, ler cada palavra, uma a seguir a outra e desejar que não acabassem.

bjs
Tiago

09 novembro, 2006 23:11  
Blogger Manuel said...

"E como que ouvindo a música dolente
Destece a chuva e seus cabelos de frio
E colhe o lírio da inocência perdida"

Apenas estes três versos já fariam um poema Outonal e sublime. Escreves da mesma forma que o céu desenha nuvens nestes fins de dia de Novembro.

Parabéns, vou-te adicionar à minha lista...

10 novembro, 2006 20:00  
Anonymous Anónimo said...

Adorei este blog. lindo. bjs

10 novembro, 2006 23:23  
Blogger Maresi@ said...

Belo poema...com frases e palavras bem estruturadas e escolhidas....

Gostei e voltarei

Beijo suave___Maresi@

11 novembro, 2006 00:27  
Blogger Fragmentos Betty Martins said...

Fica uma flor de aroma a....Jasmim - gostas?:)
Um:))

Beijinhos com carinho
BomFsemana

11 novembro, 2006 03:15  
Blogger vf said...

Na lua admirando o corpo solar que deveste pelo campo de sol que brilha sob a estrela cadente ao encontro de gotas de chuva ao cair da noite.

Abraço,
Marco António

12 novembro, 2006 02:35  
Blogger Anonymous said...

Gostava de te olhar enquanto proferias o poema, por vezes as palavras desviam a atenção da verdadeira mensagem.

Devassus

12 novembro, 2006 12:28  
Blogger Amita said...

Os teus poemas são excelentes.
Há um misto de força, de amor e desejo na palavra elaborada com o brilho de uma teia.
Isto é amar palavras.
Um bjo e uma boa semana

12 novembro, 2006 18:59  
Blogger vida de vidro said...

Palvras fortes e sensuais. Um poema muito bem escrito. É um prazer conhecer o teu espaço. **

13 novembro, 2006 15:55  
Blogger Marcelle said...

belas palavras minha cara, se me permite adorei o link com a música, se puder gostaria de saber como fazer.

03 março, 2008 03:36  

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