quinta-feira, setembro 28, 2006

Extravio de noites


















No sono branco da neblina
Em silêncio rasgo o útero da madrugada
O pensamento como um ferro em brasa
Flameja debruado em bruma viva

Bordo flores nos canteiros da volúpia
Cheiros mornos de seiva que transpira
Escorrem líquidos como asas famintas
Exploram passagens adormecidas

Bocas diluídas na luxúria de suas afluências
Vorazes aumentam sua cadência
Polpas de dedos em veludo esculpidas
Desvario, esmero de ânsias enlouquecidas

A fome da língua por fim saciada
A lonjura apeada na pele nua e já fria
A sede do desejo não míngua
Apenas suspira e fica adiada

11 Comments:

Blogger Nilson Barcelli said...

Extravias muito bem as tuas noites... isto é, sabes descrever numa linguagem muito poética sensações relativamente difíceis de explorar na palavra.
Gostei de te ler, mais uma vez.
Um beijo.

28 setembro, 2006 16:32  
Blogger Pierrot said...

Bem...
Espectacular.
Ora aí está uma poetisa que também dança com as palavras...
É como que um descrever de sensações, e que ao lermos vamos sentido, uma por uma.
Parabéns pelo poema tão bem rasgado.
Bjos daqui
Eugénio

29 setembro, 2006 16:38  
Blogger Alisson da Hora said...

noites extraviadas...lindo isso, lindo o poema...obrigado por me mostrares que existes...

30 setembro, 2006 01:22  
Blogger --------------- said...

Bonita imagem do desejo, que caprichosamente impõe a sua hora de chegada e de partida...:)

30 setembro, 2006 15:09  
Blogger Nilson Barcelli said...

Vou-te linkar.
Mas escreve mais, sim? Quero continuar a ler-te.
Boa semana para ti.
Um beijo.

02 outubro, 2006 10:30  
Blogger Patrícia Pêra said...

Ola
espero que este blog não tenha ficado por aqui.
Os textos estão fantásticos.
AS fotografias então nem se fala. Quem as tirou ?

06 outubro, 2006 00:23  
Blogger Su said...

gostei de ler.te
jocas maradas de noites

06 outubro, 2006 19:36  
Blogger Luis Enrique said...

Belíssimo poema. Estou mais que impressionado, estou sendo invadido por um sentimento de beleza que só as palavras na poesia transmite.

"No sono da neblina
Em silêncio rasgo o útero da madrugada
O pensamento, como ferro em brasa
Flameja debruado em bruma viva".
Belíssimo, fico sem palavras. Se me o permite, vou "linkar" sua poesia na minha.
Um abraço e obrigado pela sua grata visita.

06 outubro, 2006 20:30  
Blogger Misantrofiado said...

:)
O templo está preparado... e agora?

08 outubro, 2006 13:54  
Blogger Zé Miguel Gomes said...

Hum... Belo poema...

FIca bem,
Miguel

09 outubro, 2006 17:23  
Blogger Pierrot said...

Fantastico te digo...
Ora aí está mais uma poetisa neste mundo anónimo da blogosfera.
Acredita, se eu fosse um editor à caça de talentos, navegaria por estes lados e tu serias concerteza um alvo a não deixar fugir.
Parabéns
Bjos daqui
Eugénio

10 outubro, 2006 13:19  

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