domingo, fevereiro 24, 2008

Iridiscências


















Penduro a noite nos varais dos olhos
como quem busca asilo num sol poente
Sinto o tamborilar da chuva nas lajes do corpo
como que se uma asa de pássaro me tocasse
Escuto o ritmo do universo fundido nas pontas dos dedos
Corolas abertas se oferecem
Acende-se o sorriso interior das bocas
A raiz que a luz inventa nas mechas que os olhos atiçam
Retêm os lábios o sopro das auroras nocturnas
que explica a súbita eclosão crismada na luz de várias luas
Adormecem-me os dedos despenteados
à cabeceira da noite tingida de vermelho