quarta-feira, outubro 25, 2006

Esteio















Sou-te
És-me
O negro da página
O branco da tinta

Toco o veludo da alma
Um baixar de pálpebra
Deixo que a chama se avolume
Solfejando cada suspiro ou queixume

Suspensa me perco
Me encontro por disperso
Simples arco circunflexo
Meu ser se curva e reinventa o passo



terça-feira, outubro 17, 2006

Pontus equilibrium



















Floresço no meu olho tua lágrima
Murmuro nos meus lábios tua boca
Encosto na minha alma tua fome
Chego à minha mão tua porta

Qual cego, sigo e tacteio
Um corpo-texto que exala ardor e anseio
Um sexo extático
Ou um nexo avesso

Textura de mim (pele e cheiro)
Nas linhas em que me disperso e verso
Adormece o mistério em que me enleio

segunda-feira, outubro 09, 2006

Onírico




















No crepúsculo inventado
Retoco o céu amendoado
Faz-se um leito em meu peito
Dissolvo um pensamento

Em minha alma, águas respingo
Faço-me chuva, álveo e cinza
Da taça um verso se esvai e alaga
A polpa da carne sonolenta e delicada

Intervalo entre um orgasmo
E um outro espasmo de gozo
Serenidade que envolve um abraço
Sincero e quase casto

Canso
Repouso o torso humedecido
Na cândida fragrância dos lírios florindo
Por entre as áleas do esquecimento dormindo